O raciocínio dedutivo - o processo mental de fazer inferências que são lógicas - é um processo cognitivo central e um componente importante da inteligência1.
É também conhecido como "inteligência dedicada" e se refere à capacidade de resolver problemas pré-definidos que muitas vezes envolvem regras bem estabelecidas2 e modelos3 - como aprender a tocar um instrumento, resolver um quebra-cabeça ou muitas de nossas tarefas rotineiras, como fazer a lista de compras. De um modo geral, essas tarefas são determinísticas e baseadas em regras4. Outra forma de explicar isso seria “a teoria leva à prática”, onde o conhecimento dos princípios teóricos é aplicado corretamente para resolver problemas.
Este mecanismo cognitivo reside dentro da consciência, fornecendo uma alocação fluída de recursos (por exemplo, armazenamento de memória, planejamento, atenção, algoritmos de ação) para respostas eficazes às demandas ambientais previsíveis e contínuas5.
Existem algumas evidências de que indivíduos de maior inteligência são mais precisos em fazer deduções6. As habilidades cognitivas de raciocínio dedutivo estão também altamente correlacionadas com uma gama impressionante de indicadores de aptidão, incluindo saúde, educação, ocupação, recursos financeiros e longevidade7.
Os testes de raciocínio dedutivo avaliam a capacidade de dedução de uma pessoa. Na prática, raciocinamos dedutivamente quando analisamos fatos conhecidos e tiramos uma conclusão lógica deles.
Um dos mais famosos especialistas na arte da dedução é um personagem fictício. Sherlock Holmes é um dos grandes detetives da literatura precisamente por causa de sua capacidade de analisar informações em seu redor para deduzir uma conclusão. Se você leu os livros ou viu os filmes ou séries de televisão sobre esse detetive, deve ter notado que Sherlock nunca deduz algo usando apenas um argumento, mas vários.
Aqui chegamos à primeira dica para resolver o teste de raciocínio dedutivo: quanto mais fatos e informações você conhecer, mais precisas serão as conclusões que pode tirar. Durante o teste, leia atentamente todas as afirmações, o problema e até as respostas possíveis, no caso dos exercícios de escolha múltipla. Tente perceber todos os dados de que dispõe para chegar à conclusão mais precisa.
Os testes de raciocínio lógico apenas avaliam este mecanismo de raciocínio e ignoram o conhecimento prévio e o desenvolvimento cultural e intelectual dos examinados. Isso significa que você está em pé de igualdade com todos os outros.
Não importa se você não leu o livro X, se você não viu o documentário Y ou se gosta mais de funk do que de música clássica. Esses testes avaliam apenas os mecanismos do pensamento, não os seus conhecimentos.
Em um teste de raciocínio dedutivo, apenas são avaliadas as capacidades de encontrar e interpretar todas as informações relevantes presentes no exercício e de tirar uma conclusão lógica a partir de estas.
No entanto, essas informações e dados podem não corresponder à realidade. Não se espera que você justifique ou duvide da veracidade dos fatos apresentados. Apenas que você os interprete de forma lógica.
Algumas palavras como "tudo", "todos", "ninguém", "alguns", "muitos", "poucos", "sempre" e "nunca" podem mudar totalmente o significado de uma frase.
Seja em exercícios de dedução verbal ou de dedução mecânica, deve sempre ler atentamente todas as perguntas e dados que eles lhe fornecem.
Referências:
1 Johnson-Laird, P. (2009). Deductive reasoning. WIREs Cognitive Science. 1(1).
2 Cosmides, L., and Tooby, J. (2002). Unraveling the enigma of human intelligence: evolutionary psychology and the multimodular mind. in R. J. Sternberg and J. C. Kaufman(Eds) The Evolution of Intelligence, 145–198. Mahwah, NJ: Erlbaum.
3 Johnson-Laird, P. (1999). Deductive reasoning. Annual Review of Psychology, 50, 109-135.
4 Jung, R. (2014). Evolution, creativity, intelligence, and madness: “Here Be Dragons”. Frontiers in Psychology, 5(784) 1-3. doi: 10.3389/fpsyg.2014.0078
5 Jung, 2014
6 Stanovich, K. (1999). Who is Rational? Studies of Individual Differences in Reasoning. Mahwah, NJ: Erlbaum.
7 Gottfredson, L. S. (1997). Mainstream science on intelligence: an editorial with 52 signatories, history, and bibliography (Reprinted from The Wall Street Journal, 1994). Intelligence 24, 13–23. doi: 10.1016/S0160-2896(97)90011-8